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Fraternidade e Amizade Social

Nossa caminhada para a grande Festa da Páscoa sempre é precedida pela Campanha da Fraternidade aqui no Brasil. Em 2024 destaca o tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf Mt 23,8).



Lembro da década de 70 e 80, na minha adolescência e juventude, em que às vezes como colegas de aula não tínhamos muita simpatia pelo termo “irmãos” nas relações sociais, mas amigo e amizade era preponderante. Depois ficamos adultos e aprendemos que é preciso na vida caminharmos irmanados.


A Igreja no Brasil não teve medo de apontar o tema da Fraternidade Social para a CF deste ano visto que saímos bem piores da pandemia da COVID-19. Quando pensávamos que a pandemia baixaria nossa “crista”, nosso sentimento de onipotência, de desejo de poder, de achar que podemos fazer tudo e passar por cima de todo mundo, o resultado parece mais catastrófico ainda. E não preciso citar aqui as situações difíceis de violência exarcebada que estão diariamente nas mais diversas mídias. Então, temos um diagnóstico bastante claro que se não recuperarmos a nossa tradição espiritual que forjou o Ocidente (só para ficar nesta parte do mundo), com certeza desapareceremos antes das tartarugas, elefantes e tubarões. Não é avanço a França garantir oficialmente na sua Constituição o direito ao aborto, é a sentença de morte da Humanidade no começo sagrado da vida humana. E nos achamos progressistas, civilizados, avançados, na ponta da evolução da nossa espécie. Pura balela com o perdão pela expressão.


Mas, vamos ao contraponto. O que Jesus nos ensina ou, em última análise, o que Deus, seu Pai e nosso Pai nos ensina? O fundamental e essencial para viver. “A todos, porém, tratas com bondade, porque tudo é teu, Senhor, amigo da vida!” (Sab 11,26). Amizade, Amor, Comunhão, tudo o que nos edifica, salva, congrega só pode vir de Deus.


Na perspectiva do Novo Testamento evidentemente temos os ensinamentos mais básicos de Jesus. Se tomamos os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas encontraremos o mandamento do amor para fora: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5,44). Todavia, Jesus não esquece a dimensão ad infra (interna) da comunidade. No Evangelho de João aparece este destaque: “Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”. (Jo 13,34). E ainda no cap. 15 inaugura as novas relações de amizade com os Apóstolos e entre eles: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai”. Ainda temos o texto inspiradíssimo da Primeira Carta de S. João: “Quem ama o seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar. Mas quem odeia o seu irmão está nas trevas, caminha nas trevas e não sabe aonde vai, pois as trevas cegaram seus olhos” (1 Jo 2,10-11). E aí vem o decisivo do Cristianismo: “Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê.” (1 Jo 4,20).


Enfim, o texto-base da CF sempre trabalha com o método Ver-Julgar-Agir. Neste último item há uma série de sugestões e propostas concretas trabalhando o nível pessoal, o comunitário-eclesial e o social. Em todos o destaque é para a Fraternidade que deve ser: buscada, resgatada, cultivada, promovida, celebrada, alargada, favorecida, implementada, fomentada, incentivada. Porque no Juízo Final Jesus vai te julgar pelo que diz o trecho de Mt 25, 31ss: ele estava no faminto, no sedento, no peregrino, no prisioneiro, no nú, no doente. E aí não adianta vir com conversinha fiada que não foi possível viver a Fraternidade. É para ser vivida agora, hoje e de, preferência, sempre. Aí sim poderás ouvir de novo no Juízo Final: “Vinde benditos do meu Pai para o Reino dos Céus!”


Pe. Rogério Luis Flôres - Pároco da Catedral Madre de Deus



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